
  Na França, a escritora Corinne Maier lançou um livro enumerando as 40  razões para NÃO ter filhos. Virou best-seller. A onda nesse sentido é  tão forte que até um insólito movimento pela extinção voluntária da  humanidade anda ganhando espaço. Como eles, a gente também acha que não  ter filho é o fim do mundo, mas por razões beeeeeeem  diferentes...Podemos dizer, sem medo, que filho, hoje em dia, é escolha.  Escolha porque a gente tem mil recursos anticoncepcionais para  evitá-los, porque as técnicas de reprodução assistida estão aí,  poderosas, ajudando muito quem tem dificuldades fisiológicas, porque  sempre existe a opção superbacana de adotar uma criança.É óbvio que ter  filho não é uma obrigação. Muitas vezes, não rola mesmo. Faltam  condições financeiras, físicas ou emocionais – e é isso aí, a vida é  assim.
  
 
Mas  o que a gente vem observando é que as famílias estão cada vez menores e  muitos casais simplesmente optam por não ter filhos e ponto. Há 40  anos, as mulheres queriam casar logo, antes dos 21 anos, e ter pelo  menos três filhos. A média de filhos por família chegava a seis! Hoje,  está na casa dos 2,4. Na França, acaba de sair este livro defendendo o  direito de não ter filhos: No Kid, Quarante Raisons de Nes Pas Avoir  d’Enfant, da franco-suíça Corinne Maier. O que ela basicamente diz é que  a sociedade atual espera muito dos pais. E questiona: “Não há outros  meios de dar sentido à vida?” Se a gente levar essa conversa ao extremo,  vamos dar de cara até com o Movimento de Extinção Voluntária da  Humanidade, que existe sim, é real, e anda convocando os seres humanos a  parar de se reproduzir, causando a extinção gradual da espécie. A gente  aqui na Pais e Filhos acha isso tudo uma loucura. Para nós, não ter  filhos é desperdiçar uma oportunidade luxuosa de nos tornarmos seres  humanos melhores. Listar 40 razões para ter filhos foi tarefa fácil  demais. Elas estão aí. Poderíamos fazer mais 40 e ainda outras 40, mas  este já é um bom começo. 
   1. Por que você quer. E muito  A gente não acha que ninguém é obrigado a ter filho, claro. Só tem de  ter mesmo quem quer de verdade. E hoje isso é mais do que possível. A  pílula é um pouco mais velha que a Pais e Filhos – chegou ao Brasil em  1962. Mesmo com todos os recursos que existem, 20% dos bebês no país  nascem de mães com menos de 20 anos, e tem coisa errada aí. A gravidez  nasce de um desejo (pode ser o de ter um lugar dentro da sociedade), e,  para muitas jovens, acaba sendo o de ser mãe. O que a gente defende é  que esse desejo seja consciente e venha na hora certa. Filho só pode ter  a função de ser filho.
    2. Para deixar de ser só filho E crescer!  Básico: se você não tem filho, nunca deixa de ser filho. E aí, o seu  crescimento é mais lento e mais difícil. Claro ue a gente não deixa de  ser filho nunca, mas deixar de ser SÓ filho amplia, abre possibilidades  novas, importantes, ricas. Filho nos traz essa oportunidade de nos  tornarmos adultos de verdade. 
    3. Para entender melhor seus pais  Paul Reiser, da série Mad About You, tem um livro sensacional sobre a  paternidade, chamado Vida de Bebê. Na dedicatória, ele entrega: “Para  meus pais, com todo o amor do mundo. Acho que agora eu entendi”. 
    4. Para descobrir uma imensa e surpreendente capacidade de amar  Quando temos filho, somos apresentados a esse tal de amor  incondicional. “Passamos por uma renovação e ampliação do repertório  emocional, que é o que faz a vida interessante”, diz a psicoterapeuta  Lidia Aratangy, mãe de Claudia, Silvia, Ucha e Sergio. 
    5. Para incluir mais gente numa história de amor que dá certo  Ser casado sem filho é quase como ser solteiro: pode não fazer almoço  um dia e tudo bem etc. etc. etc. Com criança no pedaço, a casa tem de  ser reorganizada, não dá mais pra ter só água na geladeira... O mais  importante: você precisa dividir e respeitar as decisões do parceiro  sobre o filho também. Se tiver bases sólidas, a união pode ficar mais  forte com tudo isso. Vocês deixaram de ser casal para ser família. Um  grande e maravilhoso passo! E mesmo quem tem filho sozinho: o filho traz  esse sentido de família e a gente valoriza isso demais.
 
 6. Para deixar de ser adolescente  Hoje, a gente vive mais e tem gente dizendo que os 30 são os novos 20,  mas não dá para usar isso como desculpa para não amadurecer. Na  adolescência, alguns de nós juramos que nunca vamos ter filhos, coisa da  fase mesmo. O escritor britânico Ian Sansom, autor do livro De A a Z, A  Verdade Sobre os Bebês, escreve: “Existe algo esquisito nas famílias.  Existe algo triste nas famílias. Existe algo tão triste nas famílias que  nos faz sair correndo para formar outras famílias.” É meio dramático,  mas mostra que é possível reinventar a nossa história, outra lição que  os filhos nos dão... 
    7. Para sentir o poder de gerar outra pessoa  Saber que você pode gerar um novo ser é mágico. Não é à toa que as  mulheres sempre foram vistas assim meio como bruxas, exatamente por  causa disso. Ver a barriga crescer, sentir os primeiros movimentos da  criança, é incrível. Apesar de a gente achar que, no fundo, no fundo,  gravidez não faz ninguém ser mãe de verdade. É uma delícia e tal, mas,  na hora que o bebê nasce é que começa a história pra valer. 
    8. Para aprender a respeitar as diferenças  Por mais que você seja rígido na educação, é bom baixar a bola: seu  filho nunca vai ser exatamente da forma como você imagina – e ainda bem,  aleluia! Se você prestar bem atenção, vai perceber isso desde o  primeiro momento: na primeira hora em que pegamos a criança no colo, já  vem a sensação meio estranha: “Nossa, ele é outra pessoa!”. Que bom que  é. E perceber quem é essa pessoa é o melhor da história toda, é o grande  lance. Descobrir o temperamento do seu filho, ir sacando como ele  funciona, como reage, o que gosta, o que não gosta... Junto com isso,  aprender a respeitar e ajudá-lo a ser do jeito dele é maravilhoso. E, se  a gente conseguir levar um pouco dessa experiência pras outras relações  que temos na vida, então... Nossa! Melhor ainda! 
    9. Pra se emocionar com as conquistas dele  A primeira vez que ele consegue engatinhar, andar... Quando escreve o  nome, com as letras ao contrário ainda... Desde os anos 60, muita coisa  mudou, somos a geração do “muito bem!” a cada passo da criança. Mas é  importante saber que ele não vai ser o campeão sempre, claro. Então,  deixe seu filho tentar, testar, errar. Acertar vai ser conseqüência. E o  que importa é o processo, não esqueça que isso vale pros filhos  também...
 
 10. Para aprender que as coisas são como são, nem tudo é perfeito. E tudo bem!  Ter filhos é golpe mortal no perfeccionismo, não tem jeito. As coisas  vivem fugindo do roteiro o tempo todo. Você planeja dar a papinha ao  meio-dia, ele cai no sono. Vai dar banho às 19h, ele já dormiu. Claro, a  gente precisa ter organização, um mínimo de estrutura, mas também  precisa aprender a se adaptar rapidinho, senão aí é que dança. 
    11. Para tomar mais cuidado com você mesmo  Não é à toa que quem tem filho pequeno paga menos na hora de fazer o  seguro do carro! As seguradoras sabem muito bem que esse público tem  menos tendência a se acidentar, porque é mais cuidadoso mesmo. Quando  recebemos o resultado positivo já cai a ficha de que, dali pra frente,  você não está mais sozinho... 
    12. Aceitar a maturidade com tranqüilidade  A expectativa de vida cresce a passos largos. Hoje, é de 71,7 anos no  Brasil. Em 1960, ficava na casa dos 50,4. Por outro lado, vivemos numa  sociedade que supervaloriza a juventude. Mas a gente envelhece mesmo, e  isso é muito bom, cada fase da vida tem sua beleza. Com os filhos, isso  fica mais claro. A gente não precisa ser eternamente jovem, podemos  curtir a juventude deles. A passagem do tempo ganha um outro sentido.
    13. Para poder, um dia, ser avó ou avô  Claro que ser avó ou avô não depende da gente, depende de os filhos  quererem ser pais. Mas, se a gente fizer a nossa parte direitinho, as  chances crescem. Se não tivermos filhos, por exemplo... A chance fica  nula de verdade. 
    14. Para cuidar de alguém  “Um dia, há muitos anos, encontrei uma garotinha de 3 anos que me  perguntou: ‘Você tem filhos?’. ‘Não’, respondi. ‘Você tem cachorro?’  ‘Não’, disse. E ela: ′Então, afinal, do que você cuida?′”, nos conta o  psicólogo André Trindade, pai de criação de Gabriel e Laura. Ele diz que  criar, cuidar, fazer crescer, acompanhar, proteger e se responsabilizar  por alguém alimentam a criatividade em nós. A gente concorda total.
 
 15. Para deixar de ser o centro da própria vida  A criança é egocêntrica por definição. No começo, acha que o mundo e  ela são a mesma coisa. Depois, acredita que o mundo gira em torno dela.  Demora pra perceber que não é bem assim. Tem uns que não percebem nunca,  aliás... Nem depois de grandes! Ter filho ajuda a fazer essa ficha  cair. 
    16. Para rever suas prioridades  Segundo pesquisa feita pela psicóloga Cecília Russo Troiano, mãe de  Beatriz e Gabriel, publicada no livro Vida de Equilibrista – Dores e  Delícias da Mãe que Trabalha (ed. Cultrix), 30% das mães dizem que  adiaram o plano de ter filhos por causa da carreira. O mundo mudou, as  mulheres não trabalham só por escolha, mas por necessidade. Porém, como  diz uma das entrevistadas de Cecilia, uma mãe do Rio Grande do Sul, “não  ter filho por causa do trabalho não tem sentido”. 
    17. Ter um bom motivo para chegar mais cedo em casa  Filho gosta de quantidade e qualidade. Aquele papo do “fico pouco tempo  com meu filho, mas funciona” a gente sabe que não cola. É preciso estar  esperto e não bobear: quanto mais tempo com eles, melhor. Férias  juntos, então... Fundamental! Ou seja, o tempo passado junto é que é o  grande luxo. E para ficar mais tempo com os filhos, temos de nos  organizar no trabalho e fazer as coisas funcionarem melhor. É duro,  mas... A verdade é que estamos bem no meio de uma transição. Se em 1976,  só 20% das mulheres estavam no mercado de trabalho, hoje as  trabalhadoras são mais da metade da população feminina no Brasil. Ainda  são poucas as empresas que adotam horários flexíveis e programas de home  office, mas elas começam a existir. 
    18. Ficar um tempo sem trabalhar  Pra quem não pára nunca, é uma experiência única. A licença-maternidade  obrigatória no Brasil tem quatro meses desde a Constituição de 1988.  Está em tramitação um projeto de lei estendendo a licença para seis  meses, desde que a companhia decida aderir voluntariamente ao esquema em  troca de isenção fiscal. Cerca de 40 municípios já adotam a licença  maior. A licença paternidade, hoje de cinco dias, seria de 15.
 
   19. Sentir o prazer de amamentar  Em 1975, aqui no Brasil, uma a cada duas mulheres amamentava o filho  apenas até o segundo ou terceiro mês de vida. Hoje sabemos todos dos  enormes benefícios do leite materno para a criança. E sentir que seu  corpo é capaz de produzir o alimento de seu filho é uma experiência  fantástica. 
    20. Sentir o prazer de dar de mamar  Se não puder amamentar, não estresse, pelo amor de Deus. Não tem de ter  culpa de nada, culpa só estraga. Faça da hora da mamadeira uma hora  especial, gostosa, única, de intimidade e cumplicidade. 
    21. Para passar pela experiência do parto  Foi durante os anos 70 que o índice de cesarianas no Brasil começou a  viver este boom. Pra equilibrar o jogo, nos últimos anos vem crescendo o  movimento pelo parto humanizado, com o mínimo de intervenção médica. De  novo, não precisa radicalizar: anestesia está aí para ser usada sempre  que necessário e ninguém aqui está defendendo sofrimento. O que a gente  sabe é que, com ou sem ela, o parto é um daqueles momentos fundadores,  em que a vida se renova e a gente nasce de novo, junto com o filho. 
    22. Para conhecer a pessoa mais linda do mundo  O poeta alemão Hölderin dizia sobre a infância: "É integralmente aquilo  que é e, portanto, é bela". Filho é sempre lindo. O nosso, muito mais  que o dos outros, sempre. E tem de ser assim. 
    23. Para ouvir alguém te chamar de mãe ou pai Pode parecer a coisa mais babaca do universo, mas que é demais, é. Não tem o que falar. Você sabe o que é isso...
    24. Reviver um pouco da sua própria infância, ou tirar uma casquinha da infância deles...“Lembro  das primeiras férias de verão com meus filhos, relembrei das minhas.  São lembranças que voltam, deliciosamente”, conta nossa colunista  Patrícia Broggi, mãe de Luca e Tiago. Ter de brincar com eles, desenhar,  cantar, esperar o Papai Noel, a fada do Dente, ler histórias, ver  filmes maravilhosos... Ah, que alegria! Você só tem a ganhar! 
 
 25. Comprar brinquedos incríveis para eles e para você  Em 1894, um tal dr. L.E. Holt dizia, com a maior autoridade: “Com  crianças de menos de 6 meses de idade não se deve brincar jamais. Nas  idades posteriores, quanto menos se brincar, melhor”. Ainda bem que,  hoje, a gente sabe que brincar é fundamental para eles. Volta e meia a  gente usa isso como desculpa pra comprar aquele carrinho de controle  remoto que eles vão adorar. E que você já adorou. Tudo bem, tá tudo  certo. Afinal, esses brinquedos maravilhosos não existiam quando a gente  era criança, certo? Então, por que não aproveitar também? 
    26. Para se renovar e rejuvenescer  Ter filho é comprovar a validade da lei do eterno retorno. “Acompanhar  uma criança permite retomar em nós aquilo que fomos. Há uma sabedoria  infantil que conta com a espontaneidade, com a vontade de descobrir o  mundo e com a capacidade de brincar. Quando o adulto consegue recuperar  em si essas atitudes, ele se beneficia enormemente”, diz o psicólogo  André Trindade. 
    27. Para entender de uma vez que preocupação com ambiente não é coisa de ecochato  A gente sabe: as previsões são catastróficas. Metade da Amazônia pode  dançar até 2030, temperatura subindo, calotas derretendo... Ter filho  torna a coisa ainda mais urgente, porque a gente quer que o mundo exista  pra eles, certo? O que não dá é para acreditar em tudo, se imobilizar e  resolver que já acabou e não tem mais o que fazer. Tem, sim, e muito.  Pra começar, dentro da sua casa mesmo, na sua vida cotidiana. As  próprias crianças estão nos ensinando que tem de cuidar pra ter. 
    28. Para adquirir hábitos mais saudáveis  Com criança em casa a gente revê tudo. Aprendemos, ou reaprendemos e  confirmamos, que não precisa de açúcar porque fruta já é doce, que sal  tem de ser bem pouquinho, trocamos fritura por grelhado, porque o médico  falou, porque a gente leu que é bom. Hoje, estudando o histórico  familiar, os pediatras conseguem prevenir uma série de problemas,  fazendo ajustes na dieta: se há tendência a alergias, certos alimentos  podem ser evitados etc. E, quando a gente vê, está comendo direito ese  cuidando mais, junto com eles. A teoria tem muito mais chance de virar  prática.
 
 29. Para descobrir seu lado meio médico  Sabe aquele talento que mãe tem pra saber o que a criança tem só de  olhar e a gente acha impressionante? Logo logo você também passa a ter,  você vai ver. Ninguém aqui está falando de se automedicar ou sair usando  remédio que nem louca, a torto e a direito, nada disso. Tem de ligar  pro médico sempre, isso é básico. Mas ao menos você fica conhecendo os  sintomas e já passa o serviço mais completo. E, logo, você vai ser  aquela pessoa no trabalho pra quem a colega pede pra ver se está com  febre mesmo. Coisa de mãe. Ou pai. 
    30. Pra sentir um certo gostinho de continuidade  O comediante norte-americano Jerry Seinfeld, que a gente adora, disse  uma vez: “Já sei o que esses bebês estão fazendo aí. Eles estão aí pra  nos substituir”. É piada, óbvio, mas ter filhos, de certa forma, é  apostar numa sucessão, em uma continuidade. Você assistiu ao filme Rei  Leão? Sabe aquela coisa de pertencer, de estar dentro do ciclo da vida,  de ser elo de uma cadeia? É por aí, e é bacana.... 
    31. Descobrir que você sabe contar histórias  A escritora e tradutora Lya Luft descobriu que sabia contar histórias  para crianças depois que se tornou avó, e até já escreveu dois livros  para crianças, em que a personagem principal é ela mesma, uma bruxa boa.  Claro que não é todo mundo que tem o talento dela, mas, quando temos  filho, parece que é quase natural: a gente se vê relembrando histórias  da infância, inventando a partir do nada ou do mote que eles nos dão... E  solta um pouco a imaginação, a fantasia... Lidar com o lúdico, né?  Coisas que só fazem bem. 
    32. Para olhar para as coisas de novo, como pela primeira vez  “Aprendi com meu filho de dez anos/que a poesia é a descoberta/das  coisas que eu nunca vi”. Esses versos de Oswald de Andrade (1890-1954)  resumem tudo o que a gente quer dizer. É fácil cair nessa cilada de  crescer e ir deixando de se surpreender com as coisas e ligar um tipo de  piloto-automático – tudo em nome de, sei lá, um suposto “facilitar a  vida”, que, no final das contas, é perder o milagre que a vida é. O  filho nos ajuda a trazer tudo isso de volta. O mundo ganha novos  sentidos e tudo começa outra vez a cada nova descoberta dele e sua...
 
 33. Ter um motivo para aprender a cozinhar  Há 40 anos, a frase “já pode casar”, quando alguma mulher servia um  prato saboroso, não era pejorativa, não. Mulher tinha de saber pilotar  forno e fogão, era uma espécie de pré-requisito. Hoje a gente pira na  hora que tem de fazer a primeira papinha do filho, é ou não é? Acontece  que cozinhar pode ser uma enorme delícia e nunca é tarde pra aprender. 
    34. Porque o pai hoje participa de tudo  Nos anos 70, o pai ficava fora da sala de parto, não chegava nem perto  de uma mamadeira, não pegava em fralda de jeito nenhum e era “chamado”  só na hora de uma bronca mais pesada. Estranho? Na sua casa não é assim?  Ainda bem! A pesquisa de Cecília Russo Troiano mostra que a coisa foi  mudando aos poucos, sim, mas as mulheres ainda realizam a maior parte  das tarefas. Por exemplo: enquanto 91% das mães levam o filho ao médico,  só 4% dos pais fazem o mesmo!!! Ok, ok, falta bastante para as coisas  se equilibrarem mais, mas o espaço foi aberto e isso é um ganho enorme. 
    35. Porque a medicina evoluiu muito  E isso é muito mais importante do que a gente pensa à primeira vista.  Hoje é possível prevenir um monte de doenças, tem vacina contra gripe,  rotavírus, hepatite... Se no final dos anos 60 os primeiros aparelhos de  ultrasom ainda estavam chegando ao Brasil, hoje temos ultra-som 4D, os  avanços das pesquisas de células-tronco não param de nos surpreender e  se fala em terapias genéticas para parar doenças como o câncer. Temos  mais é que comemorar, e muito. 
    36. Para sentir o que é ter alguém que confia 100% em você  O que é confiar, o que é confiança? Você sabe direitinho a resposta – e  sente o que é isso ali, na pele – quando tem uma criança dormindo no  seu colo, totalmente entregue. É maravilhoso, assim como a  responsabilidade, que até pode assustar, mas faz parte: ter filho é  também aprender a lidar com isso.
 
 37. Encarar o futuro de uma nova maneira  Sim, porque, quando os filhos chegam, esse conceito deixa de ser uma  abstração. A gente não pode mais só esperar que ele chegue; a gente tem  de prepará-lo a cada dia. Pode ser nas coisas mais concretas, como se  programando financeiramente, fazendo previdência, essas coisas. E também  se preocupando em votar em políticos bacanas, entrando pra uma ONG,  separando o lixo, o que for. 
    38. Para ter a enorme chance de se tornar um ser humano melhor  Não adianta fazer discurso: criança se espelha no exemplo, não tem  jeito. É como você é e como se comporta que vai fazer diferença. É no  seu comportamento que seu filho está ligado e é o que ele vai  registrando, não tem conversa nenhuma. Falar uma coisa e fazer outra não  dá. Ter filho é agüentar a barra do que a gente é, as conseqüências de  ser quem somos e das escolhas que fazemos. 
    39. Ter filho não é dar à luz, é receber iluminação diária  Foi nossa colunista Tetê Pacheco, mãe de Bento e Otto, quem escreveu  isso, aqui na Pais e Filhos. A gente assina embaixo. O tanto que se  aprende, que nos modificamos e crescemos... É pra agradecer todo dia! 
    40. Porque seu filho é único e tudo que você sente em relação a ele é intraduzível...Tem  gente que diz que a escolha de ter filhos é difícil porque é  definitiva... Bem, definitivo, para nós, é não ter filhos! E cada um vai  descobrir seu jeito de ser pai e mãe, não tem uma receita. Cada  universo único que uma vida é. Nós, aqui da Pais e Filhos, só podemos  mais uma vez dizer o que a gente vem falando desde sempre, até na missão  da nossa revista: aproveite tudo que a maternidade ou a paternidade  está te trazendo!  Texto Original: http://www.hospitalviladaserra.com.br/interna.php?menu=maternidade&submenu=bebe